segunda-feira, abril 12, 2010

conversa de psiquiatra

de médico e de louco todo mundo tem um pouco!

Você procura um médico em busca de melhoras, seja do pulmão, do coração, dos ossos, da cabeça ou de qualquer outra coisa.

E tratando de uma consulta sobre transtornos emocionais da sua vida pode acontecer o seguinte:

Você vai a uma consulta de uma hora, conta praticamente toda sua vida, enfatizando os acontecimentos, recentes ou não, que você julga serem os mais importante e causadores daquela tristeza toda.
Tipo, aquele dia que você brigou com alguém e nunca mais falou com ele; sobre aquela pessoa que lhe traiu, aquela que deixou de amá-lo; sobre seus pais; seus estudos; seus amigos e os amigos dos seus amigos; sobre a sua afinidade com um animal de estimação; seus problemas de saúde e mais um monte de coisa. E o cara na sua frente fica escrevendo e você, inutilmente, fica tentando decifrar suas palavras, de péssima grafia e de cabeça para baixo.

E você que se engana, acreditando não saber o motivo de tanta confusão mental, tenta explicar para o sujeito a sua frente que não gosta da sua profissão, que cinco anos não foram suficiente, que você não é capaz de observar um edifício e ter seus olhos tomados por tamanha perfeição arquitetônica. Não. Não gosto. E ele teima em tentar incentivar você projetar, buscar oportunidades, conta sobre o amigo do amigo que trabalha com projetos, ou o outro que trabalha naquela tal empresa.

É impressionante, a primeira coisa que ele faz ao sair do consultório, na primeira visita, é falar sobre o edifício, e mostra as cores, o pregolado, a iluminação, conta a idéia inicial que não pode ser concluída por esse ou aquele motivo. Mas, eu não quero falar sobre isso, será que as pessoas não me escutam? Será que não acreditam em mim ou, simplesmente, não entende como pode ser possível alguém ser arquiteto e não gostar de falar sobre arquitetura?

Talves ele queira me testar, me mostrar que eu gosto, sim, disso tudo. E não adianta insistir, não acho que seja relevante, para minha insegurança a respeito do meu potencial criativo, o jeito que combino o colar com a blusa ou por ter meus cabelos pintados.
Amigo, se fosse simples assim não teria pago uma pequena grande fortuna para conversar com você.

Mas, apesar de tudo, é ele que tem nas mãos o poderoso receituário.


saldo do dia: caminhada matinal agradável; consulta e mais uns dias tomando os veneninhos; sossego em casa sem os pedreiros, pintores e afins; boas perspectivas para a semana que começa; e desejos de noites mais relaxantes.

Um comentário:

M&M disse...

um blog! =)

tenho saudade. chegará o dia que sentiremos falta de são carlos. e a nossa vida nunca mais será a mesma!

beijosbeijos