sexta-feira, abril 25, 2008

sono

Às 07h58min os olhos despertam, mas não se abrem, ainda resta muita maquiagem e o cansaço, início da ressaca. Apesar dos olhos ainda fechados a mente lembra dos compromissos. E a dor no braço direito, reflexo de uma noite bem dormida, incomoda. E é um incômodo bom, uma dor gostosa. Mas ainda é preciso levantar. O cheiro da fuma dos cigarros e da cerveja são mais um reforço para acordar. Pronto. Acordei. Mas enquanto vou até o banheiro e me esforço para abrir os olhos, evitando lembrar do meu estômago e tentando não tropeçar no cachorro, só penso no porque eu não continuei deitada. Não gosto de fazer as coisas com o tempo contado, mas não consigo não me organizar. Falta-me desorganização. Para muitos, isso é uma qualidade, para mim, um problema. E ainda com o corpo dormente me disponho a cumprir meus afazeres do período da manhã.

Às 11h30min um telefonema enquanto tentava inutilmente desviar de buracos, trocar a marcha e adivinhar as próximas barbeiragens de um motorista qualquer, me faz mudar os planos do período da tarde. Um almoço entre amigas. Três mulheres famintas e cheias de histórias para relatar umas as outras, conclusão: duas horas de almoço. E não esquecer de mencionar a Coca-Cola, um copo com gelo. Outro com limão, não! com gelo também. E outro “normal”, por favor.

Às 14h e alguns minutos decido não fazer nada. Sim. Fiquei deitada esperando o sono voltar, e ele voltou. Mais uma vez meu braço incomoda. Aquele incômodo bom. Devo ter desaprendido dormir. Lembro-me dos trabalhos que deveria ter feito naquela tarde cansada, mas logo me esqueço e continuo assistindo um filme que a televisão teimava em me mostrar, com a boca seca, sintoma da ressaca, continuei deitada. Quando resolvi me levantar, a secura na boca já me incomodava demais e não era um incômodo bom, fui à farmácia. Adoro as grandes redes de farmácias. Vende-se de tudo. Eu mesmo dificilmente vou até elas para comprar algum medicamento. Perfumes, comidas, filmes fotográficos (ainda se usa?), cremes, presentes, cartão de aniversário, e tantas outras coisas e todas aquelas luzes e cores e preços, dificilmente compro somente o que me propus antes de chegar. Mas a satisfação de estar na farmácia logo desaparece. O movimento, o barulho dos carros, as pessoas passando, todos apressados e quanto barulho. A secura na boca volta e aquela sensação incômoda, não a agradável, também. Meio atordoada, com pouco humor, mas ainda com alguma força de vontade de ser simpática com o mundo, vou até o shopping. Mais barulho, mais pessoas e muita comida pesada.

Às 23h20min, ainda com uma terrível secura na boca e com o estômago pesado, penso no sono. E nessa agradável sensação de sentir sono e ainda melhor quando, apesar de todos os afazeres, me permito outra vez escolher o sono. A minha organização já não me atrapalha, mas me encoraja. O horário de dormir é às 10h.

domingo, abril 20, 2008

pedido à lua

Quando que as coisinhas ao nosso redor passam a ter valor?...Sabe aquele momento, um que poderia passar desapercebido e indolor, mas que, no entanto, você o vê e o sente. E ele começa a mexer com você e mexe lá dentro, começa como se fosse uma coceirinha, um "comichão" como diria minha avó, e depois vai crescendo, virando uma leve queimação no estômago e quando você se dá conta, pronto! Virou uma úlcera na alma, que causa dores, que causam aflições, que causam insônia, que gera mais dores, isso vai tomando proporções tão grandes e o ciclo continua e...Bom, é ai que tudo começa. Rolam algumas, ou muitas, lágrimas, você incha, fica com olheiras, come e come mais, seus cabelos caem e aparecem aquelas gordurinhas indesejadas, suas amigas dizem um monte de coisas (as mais puras verdades, mas...você ignora por completo), sua mãe já acha que está doente...E deve estar mesmo, afinal, deve ser uma doença. E isso até me consola, toda doença tem sua cura, não? Não. Algumas são duronas, persistem. Qual será o caso dessa? Nunca ouvi ninguém fala que alguém morreu disso, mas é algo a se considerar; Porque vai que é um tipo de câncer maligno que impregna em todos seus órgãos, não só naquele pulsante e bastardo órgão de músculos vermelhos, que faz correr em mim essa coisa vermelha com gosto enferrujado...Mas deixemos o órgão de lado, o que importa é o que esse doente ou sádio órgão nos ofereçe. A mim, até hoje, ofereceu belos sentimentos, conto-os nos dedos. Porém, e sempre existe um porém, não me alegro do que o bastardo me oferece no momento. Como que algo tão puro...tolice, nada é "tão puro", mas é o que parece-me, pode ser tão ruim. O problema está quando se uni esse bastardinho incompleto com a imaginação. Ah! sonhos é a principal cria dessa união. E eles são bons, movem nossas vidas, nos inspiram a crescer, lutar, conquistar...mas, e sempre existe um mas, as vezes sonha-se errado, mistura sonho com fantasias infantis de mundos cor-de-rosas, ai pronto! Estraga tudo. E mesmo depois de tudo estragado, meus caros, nada muda. Piora. Os olhos se fecham, sua mente bloqueia qualquer sentimento de mudança. Acomoda-se. Acomodar-se é tão fácil, machuca, mais é fácil. Sempre me disseram que acostumar-se com "coisas boas" era fácil. Mentira! O difícil é mais cômodo, penaliza, até conforta...O remédio cadê? Mesmo sem cura há remédios que amenizam. Quero um em altas doses! Nada de golinhos...Acho que ele se chama Mudança, mas é tão difícil de encontrar. Ou quem sabe eu procure um mais comum, o Novidades, por exemplo. E tem o genérico deste também, o Gente Nova, até mais barato!...Grande enganação, o órgão pulsante, junto com a massa cinzenta já um pouco desgastada, são tão burros, surdos e mudos quanto uma porta de madeira barata...Não. Não! Os olhos serão abertos. E o valor das coisinhas, mudará de coisinhas. E enquanto não acho as medicações corretas, ou não tomo meus vencidos comprimidos de Coragem, continuo por ai...andando com as pontinhas dos pés, acreditando e cantarolando. Imaginando um abraço, sem precisar pedir; um estralar de dedos carinhoso; uma mensagem na hora mais inesperada e uma em resposta aquelas tantas que são mandadas; um beijo roubado, outro dado, outro pedido, e outro, o principal, compatilhado, hum...uma viagem sozinhos; um toque nos joelhos; uma cama apertada para dois; um respirar forte; um almoço em família; um desejo compartilhado; um filme debaixo das cobertas; uma conversa sobre banalidades do dia que viram grandes histórias; um sorriso malicioso, outro infantil...um calor para tirar o frio da alma, ela que anda só e triste, e pede a Lua que não apareça tão bela nas suas noites, para não se sufocar com tantos desejos...