quarta-feira, agosto 19, 2009

caminhar

Caminhar faz bem. Todos recomendam. Hoje pela manhã, quando o dia amanhecia e meu bom humor já se deteriorava com as situações do lar, juntei forças e fui caminhar no parque próximo a minha casa.

Depois de chuvas torrenciais o parque estava fresco, cheio de folhas pelos caminhos e com poucas pessoas. Bem diferente dos sábados e domingos ensolarados, a quarta-feira estava prefeita para mim. Sol estava suave, surgindo tímido no meio das nuvens leves e brancas que teimavam em permanecer sobre a cidade. O som de Los Hermanos completava o cenário.
 
Depois de uma suave caminhada parei em um banco, nos limites do parque e com vista para a Marginal Pinheiros. E por incrível que pareça, achei a vista encantadora. Um mar de carros passava a minha frente, minha mente desacelerava e o barulho não era irritante.
 
Atrás de mim árvores, pássaros e pessoas andando, correndo e pedalando. A minha frente um movimentar frenético de carros, caminhões, motos e aviões. No horizonte prédios altos, a frente deles os muros e árvores da USP. No céu, apenas uma lista de um azul sutil.
 
Fiquei ali a refletir sobre minha vida, sonhos e mudanças tão almejados. Sentimentos de solidão e saudade fundiam-se dentro de mim. Ao som de uma música especial, meu corpo de enche de determinação e ânimo. Levanto-me e começo caminhar. Com os carros da marginal a minha esquerda, meu coração dispara e começo a correr, inutilmente tentando me manter no ritmo dos veículos.
 
Não aguento mais do que cinco minutos naquele ritmo. Desacelero meu corpo e meu coração continua frenético. Alguns bons metros à frente eu recupero o fôlego. Minha respiração harmoniza-se comigo e sigo adiante. O sol já estava escondido no mar de nuvens brancas e um vento forte começou a soprar. A cada minuto soprava mais forte e o tempo esfriou. Junto com ele meu corpo e meu animo. Descansada e transbordado pensamentos confusos continuo andando até o começo da minha caminhada. E despeço-me do lugar com um sorriso e o anseio de voltar todas as manhãs.

quinta-feira, agosto 13, 2009

alguém

Por maior que o mundo pareça. Por mais que você seja só mais uma pessoa caminhando sobre a superfície da terra. Não adianta, o mundo continua pequeno redondo e dando voltinhas.
 

Um dia você vai a um show, porque gosta das músicas da banda, e vai ter a impressão de ver um rosto conhecido. Alguns dias depois você resolve ir a outro show, só que por causa de um carinha da banda (você e mais umas cinquenta garotas, claro). Você apesar de preocupada com o celular, como sempre, passa por alguém e esse alguém se parece com o alguém da outra noite. Aquele alguém que tinha o rosto conhecido. No outro dia você lembra-se da onde o conhecia.
 

Mais alguns dias, você está em outra festa e decidida a fugir de uma situação que cheirava a problema. Resolve sair caminhando pela festa e adivinhem? Encontra aquele alguém de rosto conhecido. Certo, tudo parece muito confuso para quem lê, mas, acreditem, é muito mais confuso.
 

Daí você pensa, vou falar “oi” para o alguém. Na realidade você está cheia de segundas intenções e cansada de deparar com ele por toda parte. Ok. Nem toda parte assim, mas você já bebeu algumas cervejas, está sozinha e fugindo de certa encrenca, ou seja, nada melhor do que uma encrenca incerta. Porque no fim é sempre encrenca.
 

E ela começa quando a ressaca aparece. No outro dia ao acordar e entrar no Orkut (não existe ressaca que impeça esse ritual) lá está ele aguardando seu “ADD”. Logo surge no MSN e a encrenca já está oficializada. Depois um telefonema, um encontro, outro encontro e uns agrados. E como uma digna Mulher você já está muito encrencada.
 

E nesse momento terminam as semelhanças com as mulheres convencionais. Exceto por um chilique ou um chorinho típico dessas mulheres, porque na essência a história muda. Calma. Eu explico.
 

Depois que você se acostuma com a presença do alguém na sua vida, com suas conversas, seus agrados e essa pessoa ainda se dispõe a estar do seu lado, essa paquera torna-se um namoro. Não. Não vamos usar a palavra namoro, vou usar o termo relacionamento é menos clichê, para mim.
 

Num determinado momento, para mulheres convencionais, a paquera torna-se um relacionamento. Eu tenho estudos de casos que mostram que o prazo entre um e outro são, em média, duas semanas. Sim, apenas duas semanas. Mas, nessa história você não é convencional. Chega um determinado ponto que a evolução pára, se mantém por um tempo e depois retrocede.
 

É a história da minha vida. Não significa que não existam alegrias, vitórias, ótimos momentos. Apenas chega um dia que você quer algo a mais. Quer que se esforcem. No começo há esforço e encanta. E o que era para ser uma mera paquera acaba virando A encrenca. Ai, depois o esforço vai se dissipando. E o fim chega.
 

O cômico nisso tudo é que, quando está tudo bem, você não espera por mais. Todavia, quando você sente aquele abraço e você sabe que a coisa já está “ruim das pernas” você passa a querer e esperar por mais. Só que já não é em tempo. Tudo já se perdeu.

E você está novamente sozinha, sem alguém e longe da sua tão querida rotina controlável. E você quer gritar quando vê, ouve, pensa ou sente algo que gostaria de compartilhar com alguém, mas não tem ninguém. Seu peito mais uma vez está cheio de saudades, vazio de alguém e cheio de atenção, desejos, carinhos e idéias que tanto queria poder compartilhar com alguém. Um alguém que segurasse suas mãos, que olhasse nos seus olhos e que lhe abraçasse fazendo você se sentir amada.

segunda-feira, maio 25, 2009

ventos

O dia amanheceu bonito, céu claro com poucas nuvens. No entanto, lá pelas dez horas algo mudou. O céu começou a escurecer e o vento mudou de direção. Um vento pesado e frio. As folhas caíram, as ruas esvaziaram.
 

Voltei rápido para a casa e meu corpo estava agitado. Numa tentativa de me comunicar com o mundo ligo o computador. A internet lenta me irrita. Logo vem o almoço. Comida gostosa e uma conversa eufórica com a cozinheira me deixam mais agitada.
 

Após o almoço volto para o computador, a internet continua lenta. Penso em uma trilha sonora adequada para aquele momento. O céu escuro e a vizinhança silenciosa me inspiram a ouvir Legião. Perfeito para um momento não muito perfeito.
 

Difícil me concentrar em alguma coisa, meu corpo parece querer sair correndo. Minha cabeça repleta de informações e uma dor no estômago me incomodam. Tento me concentrar na música, mas, cada letra faz com que me cérebro transborde em pensamentos diversos.
 

Insatisfação e raiva. E meu estômago continua demonstrar indignação com relação aos meus pensamentos. Meus desejos esbarram com a impossibilidade de realização. É ruim desejar qualquer coisa hoje. Não desejar é meu maior desejo.
 

É incrível como os fatos mudam, e tão rapidamente. Não gosto de mudanças repentinas, me adapto com dificuldades a elas. Frustram-me as esperanças. Gosto de sonhar, de esperar que algo aconteça. Mas, quando chega o momento o que os olhos vêem não é o esperado.
 

Poderia ser considerada pessimista pela forma que formulo minhas argumentações. Tenho uma enorme facilidade de contradizer qualquer situação de forma negativa. Também sei de forma positiva, mas, não soa de forma tão... Tão legal.
 

O céu esta ficando claro, já se pode ver o azul claro lá no alto. Acho que as nuvens pesadas foram para outras bandas. Já se ouvem barulhos na rua. Mas, meu corpo continua agitado e meu cérebro processando inúmeros pensamentos.
 

O engraçado é que apesar de todo o desanimo que me envolve, ainda me resta uma esperança. Uma pequena e muitas vezes dolorosa esperança. De pelos meus caminhos, inesperadamente, cruzar meu olhar com aquele olhar, claro e envolvente, e sorrir. Tentando entender a profundidade daqueles olhos, e continuar sorrindo. Sempre sorrindo. 




E os ventos fortes ressurgiram, deve ser tempo de mudanças. Que venha com eles a possibilidade de trilhar pelos caminhos certos.

sexta-feira, março 06, 2009

nômade

Dias atrás estava vendo T.V., passava um filme, um com aquelas histórias de adolescentes com problemas familiares e historias de amor. O que me chamou atenção nesse filme? A personagem principal tinha um blog, chamava-se “Diário de uma Nômade”. Bom, ela vivia mudando de cidade. E de acordo com as definições, ser nômade resumisse a isso: falta de residência fixa, mudança constantemente de lugar.
 

Identifiquei-me com ela, apesar de não ter uma mãe solteira em busca de um grande amor e que muda de cidade a cada decepção, ultimamente ando me sentindo uma nômade. Por quê?
 

No momento estou em um hotel, um desses que existem em quase todas as cidades de médio a grande porte. Minhas sextas-feiras se resumem, portando, a horas em um quarto de alguns metros quadrados, com a T.V. ligada, computador conectado na internet e dois travesseiros. Isso depois de 353 km percorridos, dois pedágios pagos e uma pequena fortuna em combustível. E o jantar? Sozinha em um shopping com poucas opções de comida.
 

Os sábados eu passo no campus da universidade, uma ai, na qual faço pós-graduação em um assunto que, até o momento, não sei exatamente sobre o que se trata. Mas, dizem que vou me dar bem sabendo sobre o assunto. 
Bom, vou passar meus próximos 46 sábados tentando descobrir.
 

Depois das oito horas de aula mais uma cidade. Ando mais alguns bons quilômetros, pago mais um pedágio e fico de favor na casa de uma amiga. Essa é a parte divertida, são poucos metros quadrados e a cidade muito quente, mas compensa pelas boas conversas.
 

Ah, o domingo. Dia da preguiça, de ir ao clube, almoçar em família, assistir um programa idiota na T.V. e rir de vídeos velhos com pessoas se dando mal e arranjando muitos hematomas. Não, meu domingo não é assim. Ele se resume a 380 km percorridos, três pedágios pagos, ar condicionado e mais uma fortuna em combustível. Após quatro horas ouvindo um CD dos Los Hermanos, cuja sequência de música já decorei, chego enfim, a cidade que, no momento, é a principal e nada melhor do que desfazer as malas.
 

Mas, nem sempre a mala permanece vazia por muito tempo apenas três ou quatro dias, na melhor das hipóteses. Viagem a São Paulo para fazer compania para o pai. Viagem para Londrina para pedir ou buscar documentação. Viagem para São Carlos, toda semana, todo fim de semana. Viagem para Ribeirão, quem sabe uma viagem para Uberlândia, já sinto saudade dos avôs de lá. Talvez pegar o carro e ir até Assis para ir ao médico, cabeleireiro ou dentista.
Minha casa é um carro, minhas coisas não ficam mais em armários, minhas malas estão gastas, o dinheiro está sendo gasto.
 

E se alguém me chama para uma viagem, eu digo que o feriado será em casa, parada, sem rodas, sem malas, estática na sala, sentindo as dores da falta da rotina, das horas sentadas, do incômodo da movimentação excessiva.
 

Planejo meus dias parados, meus dias em casa, as viagens são, hoje, minha rotina. Falta vontade, forças para planejar as viagens de férias, as viagens de feriado. A novidade é estarem todos na mesma cidade, na mesma casa. E por poucos dias ter as roupas no guarda roupa, dormir na mesma cama, ter as refeições na mesa de cozinha e o cachorro latindo no quintal. Enfim, falta a sensação de lar. De um, único, doce lar.